mercredi 13 août 2008

Clòris

Ele? Não, ela! (rsrsrs) O bêbê é uma gatinha. O veterinàrio nos confirmou seu sexo ontem.
Dei-lhe um nome mitològico: Clòris, a ninfa amada por Zéfiro, que lhe deu o reino das flores. Botticelli a representou na sua célebre "Primavera"; é a figura que aparece à direita do quadro, acompanhada por Zéfiro. Flores lh'escapam da boca e sua roupa é toda em transparências finìssimas.
Mas essa coisinha fofa é uma primavera na alma. È muito difìcil mesmo ver juvenìssimas formas de vida e não se sentir comovido com esse frescor no porte, nas atitudes, nos humores. E gatinhos são particularmente notàveis por sua graça e sua destreza. Como crianças pequenas eles possuem uma capacidade de observação que vai se perdendo com o tempo, mas que nessa primeira etapa da vida é duma finura surpreendente. O mìnimo ruìdo, uma formiguinha, a palha que o vento sopra... tudo é motivo de festa e jogo. Clòris não pàra. E, com ela, tampouco a casa!

vendredi 8 août 2008

um tanto papai também...

Hà formas de paternidade um tanto atìpicas, e contudo não menos vàlidas.

Essa criaturinha chegou como um milagre em minhas mãos. De sua mãe não havia sinal algum. Ele e seus três irmãos foram encontrados numa cabana de carneiros. Estavam magérrimos, bebiam uma àgua pùtrida e escaparam por pouco de morrerem pisados pelas ovelhas. Crianças os resgataram e se ocuparam, ainda que um tanto desajeitadamente, de limpà-los e alimentà-los. Meu "bebê" foi o ùltimo a vir, e ainda ao fim do dia jà estava em
nostr'Ostal. Precisei de um dia inteiro e muita paciência pra acalmà-lo, vencer seu medo e - que felicidade, meu Deus! - ser adotado por ele.

Agora ele adora dormir em meus braços ou em minha cama, agasalhado nas dobras de meu pulôver de lã. Em três dias seu peso aumentou consideravelmente e, quando não dorme (pois um gatinho chega a dormir vinte horas por dia), ele não pàra (afinal é preciso fazer exercìcios e aguçar os instintos que Deus lhe deu, né?). O papai aqui de vez em quando passa um olho pra ver se tudo vai bem, e quando o bebê se cansa vem colocar-se junto aos meus pés e faz um miadinho irresitìvel pedindo pra ser carregado e ninado.

Pois é, fiquei gagà!



lundi 21 avril 2008

Cy Twombly: sem tìtulo, 1953

O ritualismo de Cy Twombly merece atenção. O modo como ele isola e repete seus signos não deixa dúvidas quanto a isso. Suas extensões de espaço, seus vazios apenas marcados por grafismos de fatura arcaica são solenes apesar da leveza excepcional de sua mão. Quando esculpe, Twombly faz totens ou objetos sagrados. Evoca continuamente o antigo e o remoto não apenas pelos títulos de suas composições, mas sobretudo pelo aspecto de ruína que procura com texturas ásperas e superfícies carcomidas. Twombly é um nostálgico: fabrica achados arqueológicos em sua oficina, reinventa uma Antigüidade despojada das idealizações classicistas que, desde o Rinascimento, persistem na cultura ocidental. Sua Antigüidade é incontornavelmente rude, primitiva, mas arejada. Twombly é concentrado e despojado; seu rigor introduz o cálculo por trás de cada aparente improvisação. Como os mestres orientais ele controla até as manchas e a tinta que escorre porque pensa ciosamente cada gesto que as deve produzir. Muitas são as obras de Cy Twombly que incorporam notações matemáticas e marcações geométricas, escalas ou progressões ocupando o lugar privilegiado numa dada pintura ou desenho. Seu gesto é bem diferente do de Pollock: Twombly não é instintivo, não descarrega no suporte o fluxo de energia que lhe atravessa o cérebro. É, ao contrário, um aristocrata que medita na distância e controla os instrumentos com os quais registra seu pensamento. Dos artistas de sua geração é seguramente aquele do qual se pode falar duma maniera chiara.