lundi 21 avril 2008

Cy Twombly: sem tìtulo, 1953

O ritualismo de Cy Twombly merece atenção. O modo como ele isola e repete seus signos não deixa dúvidas quanto a isso. Suas extensões de espaço, seus vazios apenas marcados por grafismos de fatura arcaica são solenes apesar da leveza excepcional de sua mão. Quando esculpe, Twombly faz totens ou objetos sagrados. Evoca continuamente o antigo e o remoto não apenas pelos títulos de suas composições, mas sobretudo pelo aspecto de ruína que procura com texturas ásperas e superfícies carcomidas. Twombly é um nostálgico: fabrica achados arqueológicos em sua oficina, reinventa uma Antigüidade despojada das idealizações classicistas que, desde o Rinascimento, persistem na cultura ocidental. Sua Antigüidade é incontornavelmente rude, primitiva, mas arejada. Twombly é concentrado e despojado; seu rigor introduz o cálculo por trás de cada aparente improvisação. Como os mestres orientais ele controla até as manchas e a tinta que escorre porque pensa ciosamente cada gesto que as deve produzir. Muitas são as obras de Cy Twombly que incorporam notações matemáticas e marcações geométricas, escalas ou progressões ocupando o lugar privilegiado numa dada pintura ou desenho. Seu gesto é bem diferente do de Pollock: Twombly não é instintivo, não descarrega no suporte o fluxo de energia que lhe atravessa o cérebro. É, ao contrário, um aristocrata que medita na distância e controla os instrumentos com os quais registra seu pensamento. Dos artistas de sua geração é seguramente aquele do qual se pode falar duma maniera chiara.